Manifestos pulando o tubarão
Jun. 21st, 2013 09:57 am![[personal profile]](https://www.dreamwidth.org/img/silk/identity/user.png)
Então, né. Postagens recentes em outros blogs:
→ As redes sociais e as ruas (especialmente último parágrafo do item 3)
→ Provavelmente vou tirar isso amanhã, mas tô indignada, decepcionada e enfim, furiosa com a manifestação patética de hoje.
→ Não acredito em golpe
→ Porque eu não estou otimista
→ Almeidinha sai às ruas
→ Nota de repúdio às/aos organizadorxs da Marcha do Vinagre
O protesto de ontem foi decepcionante. Parece que a massa de manifestantes ficou tão grande que ficou sem propósito. Tinha bastante gente confusa, porque não tinha o que gritar. Não tem mais porque reclamar da passagem; além de já ter baixado, parece que quem era a favor do passe livre já desistiu. Dizem até que agora a maior parte dos manifestantes nem anda de ônibus, já que "protestar virou modinha".
Não é tão difícil criar uma pauta. O pessoal poderia simplesmente protestar contra a aprovação da emenda PEC 37, que tira poder do Ministério Público; até rolou um pouco de gritos "Não à PEC 37", mas não o suficiente para considerar como pauta. A maioria dos gritos eram genéricos, como "o povo unido jamais será vencido", "ei, fedeu, o povo apareceu", "vem pra rua", "quem apoia pisca a luz", "Rei Pelé, vá tomar no cu", o Hino Rio-Grandense, e, o que mais gostei: "Ei, Fortunati! Porto Alegre é nossa!"
Também tinham gritos de protesto à Copa e ao Feliciano, mas já é tarde demais para protestar sobre a primeira, e duvido que alguns gritos de "Ei, Feliciano, vá tomar no cu, filha da puta" vá fazer com que aconteça qualquer coisa.
O Movimento Passe Livre tinha pautas, mas eles saíram das manifestações justamente porque não concordaram com o rumo delas.
Se você não foi ler ainda os links ali de cima, informo-lhe da seguinte situação (retratada na Nota de repúdio às/aos organizadorxs da Marcha do Vinagre): a Marcha das Vadias em Brasília iria acontecer no mesmo dia de um dos protestos, sendo que a Marcha tinha sido marcada com uns três meses de antecedência. O pessoal do Vinagre decidiu cancelar as manifestações em tal dia, mas voltou atrás e decidiu só mudar o horário... simplesmente porque a divulgação na mídia já tinha sido feita. Os lugares das marchas também são coincidentes.
Isso parece coisa de hipster, mas é verdade: as manifestações viraram modinha, e acabaram perdendo o caráter. O movimento começou de esquerda, mas agora quem vai com bandeira de PSTU/PC do B/PSOL é vaiado. O pessoal diz que é "sem partido", mas e daí? Se estão lutando pela mesma causa, qual o problema? Quem não quer partido, quer ou ditadura ou anarquismo, e duvido que hajam tantos anarquistas assim no movimento.
Como dito nesta postagem,
Como posso me considerar "colega" de gente que desrespeita lutas que começaram muito antes, e que também começaram o movimento? De gente sem pautas, que só quer coisas generalizadas? De gente que não aceita feministas, negros, pessoas trans*, pessoas que tem um partido, e que, ao invés de simplesmente não se importar porque essas pessoas estão na mesma manifestação, começa a vaiar, xingar, danificar coisas portadas pela pessoa ou bater nessa gente por estar lutando por mais de uma coisa?
Foi lindo ontem o pessoal com toalhas brancas e piscando a luz. E a recepção do DCE da UFRGS foi simplesmente épica, com vídeos de manifestações projetados no prédio ao lado, todas as sacadas cheias de gente cantando junto, um pano branco gigante e muito papel picado sendo jogado o tempo todo. Mas não adianta ter um movimento lindo só porque sim. Não adianta ter uma marcha só dizendo que amamos nosso país.
Parei de ir a manifestações sem pauta. Sim, tem várias pautas defendidas antes que ainda defendo, mas não acho que participar de um movimento cada vez mais alienado, violento (do lado da polícia e dos manifestantes) e genérico seja uma boa ideia.
→ As redes sociais e as ruas (especialmente último parágrafo do item 3)
→ Provavelmente vou tirar isso amanhã, mas tô indignada, decepcionada e enfim, furiosa com a manifestação patética de hoje.
→ Não acredito em golpe
→ Porque eu não estou otimista
→ Almeidinha sai às ruas
→ Nota de repúdio às/aos organizadorxs da Marcha do Vinagre
O protesto de ontem foi decepcionante. Parece que a massa de manifestantes ficou tão grande que ficou sem propósito. Tinha bastante gente confusa, porque não tinha o que gritar. Não tem mais porque reclamar da passagem; além de já ter baixado, parece que quem era a favor do passe livre já desistiu. Dizem até que agora a maior parte dos manifestantes nem anda de ônibus, já que "protestar virou modinha".
Não é tão difícil criar uma pauta. O pessoal poderia simplesmente protestar contra a aprovação da emenda PEC 37, que tira poder do Ministério Público; até rolou um pouco de gritos "Não à PEC 37", mas não o suficiente para considerar como pauta. A maioria dos gritos eram genéricos, como "o povo unido jamais será vencido", "ei, fedeu, o povo apareceu", "vem pra rua", "quem apoia pisca a luz", "Rei Pelé, vá tomar no cu", o Hino Rio-Grandense, e, o que mais gostei: "Ei, Fortunati! Porto Alegre é nossa!"
Também tinham gritos de protesto à Copa e ao Feliciano, mas já é tarde demais para protestar sobre a primeira, e duvido que alguns gritos de "Ei, Feliciano, vá tomar no cu, filha da puta" vá fazer com que aconteça qualquer coisa.
O Movimento Passe Livre tinha pautas, mas eles saíram das manifestações justamente porque não concordaram com o rumo delas.
Se você não foi ler ainda os links ali de cima, informo-lhe da seguinte situação (retratada na Nota de repúdio às/aos organizadorxs da Marcha do Vinagre): a Marcha das Vadias em Brasília iria acontecer no mesmo dia de um dos protestos, sendo que a Marcha tinha sido marcada com uns três meses de antecedência. O pessoal do Vinagre decidiu cancelar as manifestações em tal dia, mas voltou atrás e decidiu só mudar o horário... simplesmente porque a divulgação na mídia já tinha sido feita. Os lugares das marchas também são coincidentes.
Isso parece coisa de hipster, mas é verdade: as manifestações viraram modinha, e acabaram perdendo o caráter. O movimento começou de esquerda, mas agora quem vai com bandeira de PSTU/PC do B/PSOL é vaiado. O pessoal diz que é "sem partido", mas e daí? Se estão lutando pela mesma causa, qual o problema? Quem não quer partido, quer ou ditadura ou anarquismo, e duvido que hajam tantos anarquistas assim no movimento.
Como dito nesta postagem,
(...) rasgaram bandeira da UniAfro, quebraram tambores da Marcha Mundial de Mulheres, bateram em pessoas de roda de samba, fizeram saques. O pessoal só luta "pelo Brasil" e "contra a corrupção", mas de que adianta se as minorias não são respeitadas?
Como posso me considerar "colega" de gente que desrespeita lutas que começaram muito antes, e que também começaram o movimento? De gente sem pautas, que só quer coisas generalizadas? De gente que não aceita feministas, negros, pessoas trans*, pessoas que tem um partido, e que, ao invés de simplesmente não se importar porque essas pessoas estão na mesma manifestação, começa a vaiar, xingar, danificar coisas portadas pela pessoa ou bater nessa gente por estar lutando por mais de uma coisa?
Foi lindo ontem o pessoal com toalhas brancas e piscando a luz. E a recepção do DCE da UFRGS foi simplesmente épica, com vídeos de manifestações projetados no prédio ao lado, todas as sacadas cheias de gente cantando junto, um pano branco gigante e muito papel picado sendo jogado o tempo todo. Mas não adianta ter um movimento lindo só porque sim. Não adianta ter uma marcha só dizendo que amamos nosso país.
Parei de ir a manifestações sem pauta. Sim, tem várias pautas defendidas antes que ainda defendo, mas não acho que participar de um movimento cada vez mais alienado, violento (do lado da polícia e dos manifestantes) e genérico seja uma boa ideia.